TREINANDO CORRIDA: O FORTALECIMENTO DO TRONCO

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O ato de correr envolve muito mais que o trabalho dos membros inferiores de dar um passo após o outro. Aliás, para que isso seja possível, outros mecanismos e arranjos corporais precisam acontecer de forma harmoniosa e coordenada. Entender um pouco desses mecanismos e da participação que as demais regiões do corpo têm na corrida altera a forma como nos relacionamos com ela e com o treinamento. Hoje vamos aprender melhor sobre a participação do tronco, especificamente do tórax, na corrida.

O tórax, é a região do tronco compreendida entre o pescoço e o diafragma que aloja os principais órgãos da respiração e circulação. Sua arquitetura óssea consiste em doze vértebras torácicas, na parte posterior, 12 pares de costelas, que formam a parede lateral e que, em sua maioria, se ligam anteriormente pelo osso esterno. A parte posterior, ou dorso, é protegida pelos músculos eretores da espinha e cada costela se liga à outra pelos músculos intercostais. Dando suporte a este conjunto temos os músculos trapézio, grande dorsal, rombóides, redondos, peitorais e estabilizadores da escápula. Todos estes músculos atuam durante a corrida, alguns de forma mais expressiva que outros, porém em igual importância.

Quando corremos, necessitamos de uma demanda muito maior de oxigênio. Para dar conta desse abastecimento nosso sistema faz duas coisas: aumenta a freqüência das respirações e o volume e intensidade das mesmas. Acontece que o aumento da freqüência, volume e intensidade respiratórios demandam um trabalho dos músculos do tórax que normalmente não ocorrem quando estamos em repouso. Ou seja, essa respiração ‘forçada’ ocasionada pelo esforço só é possível devido o trabalho dos músculos do tórax, que atuam diretamente no processo de inspiração e expiração.

Além disso, os músculos do tórax, em especial os do dorso, são fundamentais na estabilização da coluna vertebral. Enquanto corremos a constante flexão faz com que a pelve sofre uma pequena rotação. Essa rotação da pelve infere sobre a coluna vertebral e causaria instabilidade se não fosse a ação estabilizadora destes músculos. Já na parte anterior, os músculos fixados nos ombros e no úmero (peitorais menor e maior) auxiliam na movimentação e estabilização dos braços.

Lembrando que nosso corpo é tão forte quanto nosso elo mais fraco, a potência do corredor depende não só da força que ele consegue imprimir, mas de qual parte de seu corpo se cansa primeiro. Se os músculos do tórax estiverem despreparados e fadigados, eles não desempenharão sua função e reduzirão a eficiência da corrida. Se estiverem sem força e potência, a respiração ficará comprometida, assim como a estabilização e sustentação da postura, ocasionando um retardo no movimento.

Mesmo que os membros inferiores sejam capazes de gerar muita velocidade, se não houver suprimento de oxigênio, então o corredor apenas atingirá a velocidade que os pulmões permitirem, e não aquela que seria possível em circunstancia ideal. Assim como os grandes grupos musculares das coxas e pernas, estes músculos também se fadigam pelo exercício, portanto, devem ser treinados e fortalecidos de igual modo.

Para fortalecer estes músculos existem diversos exercícios, dentre os quais podemos citar: flexão de braços, supinos, remadas, puxadas, barra fixa, etc. Como qualquer tipo de treinamento, este trabalho precisa ser incluído de forma pensada e organizada dentro da periodização. Faça sempre sob supervisão profissional.

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