Não é segredo nenhum que o treinamento de força é essencial para os corredores, ainda mais aqueles que querem fazer longas distâncias, principalmente pelo fato de preparar melhor a musculatura e se proteger de possíveis lesões. Correto?
Acontece que muitos corredores deixam de lado o treinamento de força, pois pensam estar preparados ou livres dessas possíveis lesões, por já terem mais experiência em corridas, por exemplo. Mas o que a maioria esquece é que o treinamento de força é uma das principais alternativas para a otimização da economia de corrida de longa distância, e longa aqui me refiro a provas de 5km, 10km, 21km e ai por diante.
A economia de corrida é definida por Daniels (1985) como a demanda energética para uma mesma velocidade submáxima de corrida (VO2max), e é determinada pelo estado de equilíbrio entre o consumo de oxigênio e as trocas respiratórias. Um corredor pode ser considerado mais econômico quando tem otimizada sua capacidade de dispêndio energético ao longo da prova, quando comparada à distância percorrida. Resumidamente, é realizar a mesma distância utilizando menos energia e com menos desgaste, auxiliando tanto para a velocidade, quanto para maiores distâncias.
Ainda segundo Daniels (1985), diversos fatores podem interferir na economia de corrida entre eles pode-se citar a idade, treinamento, comprimento e frequência de passada, peso do tênis, vento e resistência do ar, incluindo fator de altitude. Muitas são as variáveis de treinamento, que precisam ser melhoradas para que o corredor possa ter uma melhor performance em sua prova tais como uma melhora no VO2max, remoção de lactato e por consequência e sua economia de corrida, visando um menor gasto calórico durante a execução de seus movimentos e extensão total da prova.
O treinamento de força pode promover melhoras das capacidades de contração muscular, melhora de força muscular, melhora da otimização da energia elástica armazenada na musculatura, uma maior flexibilidade acarretando por consequência um controle motor mais adequado para a execução da mecânica de corrida e por consequência uma melhora significativa das capacidades fisiológicas do corredor.
Para Pereira e Lima (2010): “O treinamento de força pode trazer um melhor incremento da medida de economia de corrida quando associado aos treinamentos específicos para corredores de endurance. A melhora da força muscular no atleta de endurance pode prover também uma melhora das características do metabolismo anaeróbio como o aumento da produção de lactato e a diminuição do tempo de contato com o solo, otimizando a produção de força rápida para esse contato.”
Considerando isso, fica ainda mais clara a necessidade e importância de preparar o corpo por completo para conseguir realizar/executar a mecânica da corrida de forma mais eficiente e econômica.
Portanto, o treinamento de força durante a preparação para uma prova ou competição para atletas de corrida de rua é de suma importância, não serve somente para minimizar possíveis lesões e efeitos adversos dos treinos específicos de corrida, mas também para otimizar os ganhos em relação a sua economia de energia, auxiliando e atuando diretamente na performance dos corredores. Porém, esse trabalho de força deve ser bem estruturado e aliado a uma periodização adequada de treinos, para que o corredor consiga atingir seu pico de rendimento no momento certo e de forma segura.
Então aluninhos, está ai mais um motivo para treinar força!
Filipin,R. H.; Pereira , W.; Lima P. INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO DE FORÇA NA ECONOMIA DE CORRIDA EM CORREDORES DE ENDURANCE Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, São Paulo, v.4, n.20, p.116-135. Mar/Abr. 2010. ISSN 1981-9900. 116 Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício
Daniels, J.T. A PHYSIOLOGIST´S VIEW OF RUNNING ECONOMY. Medicine and Science in Sports andExercise. Vol. 17. Num. 3. 1985. p. 332-337.